As análises feitas a cerca do movimento operário na Academia brasileira se valem muito pela medição da representatividade dos sindicatos, o fortalecimento das greves, a análise comparada dos diferentes momentos históricos do sindicalismo no Brasil. Ainda que seja este um elemento fundamental, é necessário entender a luta política no Brasil como aspecto central para o movimento que faz a classe operária em sua trajetória histórica.
Este ramo da intelectualidade brasileira se concentra muito no debate interno do PT, que por conta de sua trajetória política conseguiu construir grande base neste segmento de nossa sociedade (o que é um mérito, obviamente). O PT, que nasce como uma unidade de correntes do movimento operário com a proposta de superar o partidarismo do movimento e, em especial, a direção do PCB neste, adota um discurso notadamente anti-leninista, criticando a estrutura vertical do movimento, a inserção dos interesses do partido em contraposição aos interesses da classe trabalhadora. Não é necessário dizer que este movimento pouco tempo leva para assumir a frente do sindicalismo nacional, construindo sua identidade nas lutas imediatas da classe trabalhadora e no anti-comunismo. Combate juntamente a isso, a idéia de um "projeto para a classe trabalhadora", afirmando ser ela mesma a responsável pelos seus rumos.
Deste último aspecto, sobretudo, estão embasadas as análises sobre o movimento operário nas universidades. Longe de querer renegar o grande legado do PT para o Brasil, quando tratamos de análises sociológicas, esta visão carrega algumas falhas, as quais merecem preocupação. Uma delas é absolutizar a direção pelas vitórias e fracassos do movimento, numa tendência trotskizante, ainda que paradoxalmente, afinal o objetivo destas análises é negar o papel da vanguarda no movimento. E a outra, ainda que ligada a esta última, é a subestimação da conjuntura na análise política.
Assim, vê-se comparações grotescas em linhas temporais, onde os bons períodos do sindicalismo brasileiro teria se dado no período anarquista pré-Vargas e no ABC dos anos 80. É inclusive curioso que se compare o movimento anarquista com a lógica anti-vanguarda do PT. Ora, estas análises se baseiam nas quantidades de greves, combatividade do movimento, capacidade de mobilização, etc. Agora, vale se perguntar que direitos foram garantidos aos trabalhadores no período pré-Vargas e a quantidade de direitos conquistadas no pós-Vargas, onde o movimento foi hegemonizado pelos comunistas, ainda que a capacidade de mobilização possa ter sido inferior em alguns momentos e até tenhamos visto uma maior institucionalização do próprio. Ou seja, a análise do movimento pelas formas de luta é tacanha, engessadora.
Sobre isto, Lucácks trataria no seu livro "História e Consciência de Classe". A análise que mais nos aproxima do que é real, concreto, é através do método materialista, histórico e dialético. Através do entendimento da luta de classes, da própria construção política da classe trabalhadora no Brasil é que se pode entender a trajetória do movimento operário. Movimento que ganha força com a conquista de direitos dos trabalhadores no pós-30 ( ainda que a CLT tenha inúmeras contradições) , que durante a ditadura se fragiliza e se fortalece no final dela, combatendo-a, conquistando direitos novamente e se enfraquece na década seguinte, com o avanço do neoliberalismo, o ataque à organização dos trabalhadores. Lula, em entrevista aos blogueiros progressistas, se rendeu nesta questão, talvez por hoje o PT ser alvo das mesmas críticas que foram feitas por ele e seus companheiros aos comunistas : "Nós lutamos quando sabemos que têm café pra beber".
PT, que se radicalizou na luta pelos aumentos salariais, que fez discurso revolucionário, nadou conforme a conjuntura, se institucionalizou, ganhou a presidência, fez o país andar e se fortalecer. Mas, e agora? E aquela discussão de "Projeto para a Classe Trabalhadora"? Pra onde vai o Brasil? Será que aprofundar a democracia é o suficiente? Fica a questão, ainda que as respostas não sejam de tom negativo.
Este ramo da intelectualidade brasileira se concentra muito no debate interno do PT, que por conta de sua trajetória política conseguiu construir grande base neste segmento de nossa sociedade (o que é um mérito, obviamente). O PT, que nasce como uma unidade de correntes do movimento operário com a proposta de superar o partidarismo do movimento e, em especial, a direção do PCB neste, adota um discurso notadamente anti-leninista, criticando a estrutura vertical do movimento, a inserção dos interesses do partido em contraposição aos interesses da classe trabalhadora. Não é necessário dizer que este movimento pouco tempo leva para assumir a frente do sindicalismo nacional, construindo sua identidade nas lutas imediatas da classe trabalhadora e no anti-comunismo. Combate juntamente a isso, a idéia de um "projeto para a classe trabalhadora", afirmando ser ela mesma a responsável pelos seus rumos.
Deste último aspecto, sobretudo, estão embasadas as análises sobre o movimento operário nas universidades. Longe de querer renegar o grande legado do PT para o Brasil, quando tratamos de análises sociológicas, esta visão carrega algumas falhas, as quais merecem preocupação. Uma delas é absolutizar a direção pelas vitórias e fracassos do movimento, numa tendência trotskizante, ainda que paradoxalmente, afinal o objetivo destas análises é negar o papel da vanguarda no movimento. E a outra, ainda que ligada a esta última, é a subestimação da conjuntura na análise política.
Assim, vê-se comparações grotescas em linhas temporais, onde os bons períodos do sindicalismo brasileiro teria se dado no período anarquista pré-Vargas e no ABC dos anos 80. É inclusive curioso que se compare o movimento anarquista com a lógica anti-vanguarda do PT. Ora, estas análises se baseiam nas quantidades de greves, combatividade do movimento, capacidade de mobilização, etc. Agora, vale se perguntar que direitos foram garantidos aos trabalhadores no período pré-Vargas e a quantidade de direitos conquistadas no pós-Vargas, onde o movimento foi hegemonizado pelos comunistas, ainda que a capacidade de mobilização possa ter sido inferior em alguns momentos e até tenhamos visto uma maior institucionalização do próprio. Ou seja, a análise do movimento pelas formas de luta é tacanha, engessadora.
Sobre isto, Lucácks trataria no seu livro "História e Consciência de Classe". A análise que mais nos aproxima do que é real, concreto, é através do método materialista, histórico e dialético. Através do entendimento da luta de classes, da própria construção política da classe trabalhadora no Brasil é que se pode entender a trajetória do movimento operário. Movimento que ganha força com a conquista de direitos dos trabalhadores no pós-30 ( ainda que a CLT tenha inúmeras contradições) , que durante a ditadura se fragiliza e se fortalece no final dela, combatendo-a, conquistando direitos novamente e se enfraquece na década seguinte, com o avanço do neoliberalismo, o ataque à organização dos trabalhadores. Lula, em entrevista aos blogueiros progressistas, se rendeu nesta questão, talvez por hoje o PT ser alvo das mesmas críticas que foram feitas por ele e seus companheiros aos comunistas : "Nós lutamos quando sabemos que têm café pra beber".
PT, que se radicalizou na luta pelos aumentos salariais, que fez discurso revolucionário, nadou conforme a conjuntura, se institucionalizou, ganhou a presidência, fez o país andar e se fortalecer. Mas, e agora? E aquela discussão de "Projeto para a Classe Trabalhadora"? Pra onde vai o Brasil? Será que aprofundar a democracia é o suficiente? Fica a questão, ainda que as respostas não sejam de tom negativo.
Otimo artigo! Comparar o movimento operário pré decada de 30 com o movimento da década de 80 é complicado, são contextos políticos, sociais e históricos muito distintos...
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