terça-feira, 29 de março de 2011

Palestra do embaixador da China no Brasil


 
 


Por Thiago Machado dos Santos   

            Após as formalidades requeridas para a apresentação da palestra, com uma breve descrição do desenvolvimento econômico Chinês feito pelos pesquisadores do grupo IBRACH. O embaixador da China no Brasil, Sr. Qiu Xiaoqi descreve o forte aumento na percepção mundial da China como um país “vanguardista” no desenvolvimento mundial, como um duplo pólo, de grandes ofertantes e demandantes de mercadorias impulsionando a economia mundial.
            Durante sua fala pude perceber dois eixos centrais dos atuais desafios chineses: primeiramente transformar sua economia de crescimento extensivo para crescimento intensivo, ou seja, manter as transformações de desenvolvimento tecnológico já em curso, para produtos com maior valor adicionado e transformar as relações trabalhistas junto com a relação produtividade e salário real.
             Quanto ao primeiro ponto, o embaixador ressaltou que as indústrias mais intensivas em trabalho, já vêem passando por algumas dificuldades e por grandes desafios. Esse “problema” favorece a tese do padrão de desenvolvimento dos países do leste asiático, padrão esse denominado de “Gansos Voadores”, com um país líder no desenvolvimento tecnológico que é acompanhado por outros países, que possuem um desenvolvimento relativo mais “atrasado”, e que incorporam novas tecnologias conforme a mesma fica mais obsoleta em relação ao país “líder” e assim sucessivamente de acordo com a “etapa” de desenvolvimento de cada país. 
            Sua preocupação com as características do desenvolvimento econômico, esta intimamente ligada ao segundo aspecto, com aumento do custo unitário da mão de obra a competitividade chinesa via mão de obra barata se desfaz, logo, se faz necessário um aumento da capacidade tecnológica chinesa para aumentar a produtividade média mantendo seu desenvolvimento.
            Essa maior preocupação com o trabalhador na China, já pode ser vista nos dias de hoje, onde pelo menos nas cidades, pode-se afirmar que o aumento da produtividade da mão de obra tem sido repassado para os trabalhadores (vide gráfico 1 abaixo). No período de 2006 ao primeiro trimestre de 2009, o salário real Chinês das cidades cresceu em média 17,1% quando comparado com o mesmo trimestre do ano anterior (de acordo com os dados da NBS).
            As mudanças na relação salarial deflagram uma forte intenção de se voltar cada vez mais para o seu mercado interno, já que, suas exportações dificilmente conseguirão crescer a taxas tão expressivas quanto as dos últimos anos. Alem de mudanças na relação salarial, também está sendo pautadas mudanças nas garantias sócias, como previdência, saúde, seguro desemprego, entre outros, que devem alterar relações institucionais, elevando a demanda interna chinesa, alem de agirem de forma anticíclica na economia.
            Portanto, deduz-se que esses são os dois grandes desafios da política econômica chinesa, mudanças qualitativas em sua base produtiva e aumento do poder aquisitivo da população fortalecendo o mercado interno. 

Relações Internacionais
            De acordo com o Sr. Qiu Xiaoqi, a China manterá sua política externa de “autodeterminação dos povos” reconhecendo a soberania de cada país, ajudando os países, sem intervir em sua política interna.
            Para o Sr. Qiu Xiaoqi, a China esta cada vez mais aberta para o mundo sendo isto uma necessidade da própria China e do mundo, já que, ela é a maior exportadora do mundo e a maior produtora de manufaturas, alem da segunda maior importadora mundial, se mostrando como um duplo pulo mundial, de demandantes e ofertantes de mercadorias. Outro ponto importante é a intervenção da China na África, emprestando mais dinheiro para essa região do que o próprio Banco Mundial alem de investir em sua infra estrutura, como o caso de ao longo da ultima década foram construídas mais de 64 mil quilômetros de estradas por investidores chineses.  
             
Relação comercial entre a China e o Brasil
            Já é conhecido pelo público, que desde abril de 2009 à China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil chegando a um volume comercial de mais de US$ 38 bilhões de dólares, no acumulado em dose meses a preços constantes de 2009 (deflator: IPA Americano). Quando o embaixador foi questionado sobre a relação qualitativa dos produtos trocados entre China e o Brasil (que é francamente desfavorável ao Brasil), ele afirma que os brasileiros não têm com o que se preocupar, já que, o comercio bilateral entre eles é extremamente favorável ao Brasil. Pois, o Brasil teve um superávit comercial de mais de US$ 5 bilhões de dólares em 2010.
            Outro ponto abordado pelo embaixador foi que os investimentos diretos da China vão trazer melhorias para nossa economia possibilitando incremento produtivo e no emprego. Afirmando que tais investimentos só podem trazer benefícios ao Brasil não afetando nossa soberania, pelo contrario, criando condições de ajuda mutua.

Integração Cultural
            De acordo com o embaixador será inaugurado ainda esse ano, o instituto de Confúcio no Brasil, a fim de divulgar a cultura Chinesa. Alem disso, o Sr. Qiu Xiaoqi disse que nos últimos anos o Brasil e a China tem feito um intercambio entre estudantes chineses e brasileiros cada vez mais intenso, e com perspectivas de crescimento nos próximos anos, alem de intercambio entre pesquisadores.  
           
           
Política interna chinesa
            Quanto à política, o embaixador destacou que na China a democracia se organiza de forma distinta da ocidental, onde foi revelado que na China existem mais 11 partidos políticos alem do Partido Comunista Chinês. Ele ressalta ainda, que a nível municipal e estadual já existem eleições diretas, alem de experiências de uma política participativa em diversas cidades chinesas onde a população toma as decisões do orçamento público (Quem tiver maior interesse nesse assunto leia “O que a China Pensa” de Mark Leonard).   

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