domingo, 16 de junho de 2013

A Casa dos Homens de Vida Vazia

"Hoje não é o dia do meu pai", diz o filho. "Eu mereço mais que isso", diz a esposa. "Ela só quer trabalhar, não faz nada em casa", diz o marido. "Ela me segura com as crianças", um outro marido, talvez. E talvez não segure por muito tempo, a depender da habilidade. "Quem mandou querer ser o provedor...", comenta o não-compreendido.
As velhas formas vão sendo abaladas à medida que o que eles chamam de "novas oportunidades" vão surgindo. Eu digo velhas no melhor sentido da palavra, das grandes tradições culturais. Mas me parece que, conforme novas ideias vão ganhando repercussão, o velho só pode se reproduzir como cópia, como um modelo a ser seguido, esvaziado em seu conteúdo. A essa compreensão devemos agradecer ao americano Marshall Sahlins, que nos desperta para a constatação de que uma tradição tem sua história, e ela tende a mudar.
É verdade que essas mudanças nem sempre serão admiráveis. Mas o fato é que a galera anda questionando sua forma de viver. A ideia de que o ser humano nasce, cresce, trabalha, casa, se reproduz, continua trabalhando e morre tem inspirado insatisfações de tipos diferentes.
Alguns falarão do capitalismo e suas contradições inerentes, que faz desse modelo um discurso, mas faz de tudo pra essa galera não conseguir atingi-lo. Um argumento que é muito simpático a mim, sem dúvida. Eu ponderaria ainda que cada vez mais a crítica derrota o dogmatismo, nesta batalha que vem rolando desde o século XIX. E eu não excluiria o discurso religioso disso.
Temos visto os bilontras do século XXI agora comandando atos políticos, no melhor estilo ocidental. Lutando contra "eles" (os políticos), se somam aos supostos bestializados e reivindicam "seus direitos". E há ainda aqueles supostos bestializados que se fazem de bilontras.
Os homens de vida vazia convidam a esperança a sentar à mesa. E a luz que tanto querem, se revelará atrás de infinitas cortinas de palcos azuis? Ponderarei, como é o meu papel, que é preciso saber antes de que cor é essa luz. Talvez seja o meu erro gostar mais do Brasil que da Turquia. Mas continuo o preferindo!

 

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