Vou aproveitar este primeiro artigo para expressar algumas inquietudes particulares a respeito deste tema, tendo em vista algumas observações recentes sobre a hierarquia acadêmica e a cruel competitividade imposta àqueles que buscam um lugar nesta “ilha do saber”. Para isso me parece interessante um olhar nas formas de construção do conhecimento e um tanto da trajetória do que hoje conhecemos como Universidade.
A produção do conhecimento, diferente da noção instituída que temos hoje, emana das experiências desenvolvidas por determinada comunidade, sociedade e, nada mais é que a apropriação e interpretação de alguns indivíduos destas experiências. Desta forma, não haveria gênio que projetasse uma nave espacial sem que antes fosse descoberta a energia elétrica.
Assim foi a origem da reflexão do homem ocidental sobre si próprio. O início do que se convencionou chamar de filosofia deu-se em reflexões coletivas em praça pública através do diálogo entre homens que buscavam explicações para a existência humana, a origem das coisas, o funcionamento da natureza, etc. Daí surgiu o que entendemos hoje por “áreas do conhecimento”, como a matemática, por exemplo.
Num período mais recente da História, o conhecimento se institucionalizou através da Universidade, que através das suas cátedras criou também os proprietários do saber. Alguns passaram a ser os detentores legítimos do conhecimento social em detrimento daquilo que pode ser apreendido das experiências populares. Para se ter uma idéia, só se foi discutir ensino superior no Brasil com a vinda da corte portuguesa, que necessitava de serviços médicos e de engenharia.
Com o advento das noções modernas de ciência, do empirismo, com o surgimento dos “especialistas”, possivelmente estaria dado o golpe fatal na Filosofia. As grandes reflexões, as visões totalizantes, estas perderiam lugar para a ciência do específico. Assim o acadêmico perde cada vez mais a condição de intelectual, de sujeito interventor da vida social e, passa a habitar um campo, uma comunidade acadêmica, que mais parece uma ilha.
As ciências sociais, ramo do saber que paradoxalmente eu curso, é o maior reflexo disso. O saber militante, aquele que produz conhecimento a partir da experiência da luta é visto como inimigo da ciência. Assim proferido numa disciplina sobre trabalho : “eu não levanto bandeira, eu produzo teoria”. Esta forma de produção de conhecimento, de estudiosos que neste caso acham que só houve fábrica ou exploração capitalista no ABC dos anos 80, com certeza transmite uma apreensão idealizada da realidade, não é pautada no que é concreto, não dialoga com o conhecimento produzido pelos próprios atores sociais, os compreende apenas como objeto de estudo.
Termino dizendo que, no entanto, este tamanho afastamento da vida social faz com que a Universidade perca sua legitimidade, e que hoje estão colocadas novas demandas que vão além do que a ciência iluminista possa oferecer. Não compreendido isto, a tendência é a perda de seu lugar social por parte da Universidade.
A luta de classes começou no ABC, o primeiro operario organizado no Brasil surgiu na Volks na década de 1980 e a classe trabalhadora até então não tinha consciência?
ResponderExcluirJesus Cristo, quem é esse?
hahahaha
Agora, falando sério. Parabéns pelo blog. Boa iniciativa. Tem que pensar pauta, peridiocidade, canais de divulgação, etc Assim pode avançar.
Um abraço
Vogel
Assino embaixo.Meu curso é outro (história) e minha militância é outra (feminista) mas verifico tudo isso aí que você descreveu.Faz tempo que tento escrever sobre isso e não consegui.Você fez muito bem,parabéns Allyson.
ResponderExcluirOff:Não dá pra adicionar aí nas opções de comentários nome/url?
É isso aí, Raíza, sinal preto neles! Vamos levar o Long John ao comando do navio! rsrs
ResponderExcluirNão sei dizer, sou amador demais! hehe
Vitor, será que é o Lula? rsrs
ResponderExcluirSe quiserem ver o revide do PV entrem no blog Dilema Dissonante
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