O Globo de hoje trouxe algumas publicações de acadêmicos pelo mundo que comentaram o processo político que vive o Egito. Sem dúvida, a melhor reportagem de toda a cobertura do Jornal sobre o tema. São 5 artigos vindos de França, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e Israel. As declarações apresentam algumas divergências , mas as diferenças de fundo se colocam através da escolha da estrutura analítica.
Visões mais materialistas se contrapõem com a idealista de Christopher Taylor, professor de estudos islâmicos da Drew University, de Nova Jersey, em que o mundo caminha para a perfeição da democracia liberal norte-americana e seus valores. Diz ele: "O Egito passa por uma mudaça muito difícil em direção à democracia, mas tenho muitas esperanças. Acho que o fato de as pessoas estarem agindo sempre pacificamente tornará muito difícil que seja imposto novamente algum tipo de regime militar." E completa com requintes de ocidentalismo: " A outra coisa que me anima é que os jovens do Egito têm muito contato com a mídia ocidental. O Egito e outros países árabes têm grandes contingentes de joves com alto nível de educação, e muita consciência do que se passa no mundo."
Já Karim Bitar, especialista em Oriente Médio do Instituo de Relações Internacionais e Estratégicas de Pequim, não tem a mesma visão do mundo cor-de-rosa do americano, e faz uma análise próxima à apresentada pelo Sinal Preto nestes dias, do futuro do Egito em disputa:
"Vejo duas saídas para o Egito. Uma respode aos anseios do povo que se manifestou na praça Tahrir, e outra responde aos Estados Unidos e outros países da região. Os maifestantes da Praça Tahrir querem não apenas a saída de Mubarak, mas de todo o regime.( ...)
Mas o melhor cenário para os EUA e os vizihos do Egito é outro. Eles querem no lugar de Mubarak um poder em torno do Exército egípcio e do vice-presidete Omar Suleiman."
Sobre o Exército, é de recohecimento de todos que trata-se de uma instituição protagonista do velho regime. Mas quanto ao que será o futuro do Egito, estão em desacordo. Para Bitar, o Exército deve conseguir reorganizar a sua estrutura dominante. "O Exército permanece muito organizado e recebe dos EUA US$3 bilhões por ano. Os islamitas são a oposição mais estruturada o Egito, mas não a única. Há uma oposição egípcia laica e feminista que tem raízes nos anos 1920". Já Hamad El-Aouni, cientista político tunisiano, professor da Universidade Livre de Berlim, acredita em uma opção popular. "Há muitos talentos políticos que não apareciam antes por causa da falta de democracia.(...) Na futura arquitetura política, a Irmandade Muçulmana terá peso, mas não vai superar os 15% e por isso não vai ocupar o governo. Muitos analistas têm apontado para o perigo de um regime fundamentalista no Egito, assim como existe no Irã. Trata-se de uma especulação absurda. Os egípcios são sunitas e recusam o sistema hierárquico dos xiitas, como no Irã.(...) Os exemplos da Tunísia e do Egito serão vistos nos próximos meses nos outros países árabes. Também em Argélia, Iêmen, Jordânia, Líbia, todos os 21 países árabes passarão a ter regimes democráticos."
Por fim, para o israelita do Departamento de Oriente Médio da Universidade de Haifa,Uri M. Kupferschmidt, falta um projeto à revolução egípcia. Segundo ele, curiosamente, este só existia em Mubarak. " Mas, além da questão polítca, é preciso pensar no plano sócio-econômico. Parte da raiva da multidão na Praça Tahrir é direcionada a situação econômica do país: desemprego, inflação, baixos salários. (...) Por causa da falta de plataformas claras sócio-econômicas é que não cosidero o que acontece no Egito como uma revolução. Revolução é quando há mudaça no regime, incluindo o plano econômico. É quando há uma substituição de uma filosofia social-econômica por outra."
Se por um lado o conceito de revolução se adequa a uma visão marxiana, é errada a preocupação de Kupferschimidt com a Irmandade Muçulmana, que para ele poderá criar um governo fundamentalista anti-Israel. O obstáculo para a consolidação da revolução é o Exército, que de forma oportunista se coloca como alternativa à ditadura Mubarak. A direção revolucionária há de surgir do movimento, e sem dúvida a Irmandade Muçulmana fará parte, haja vista que já faz parte do povo insurgente. No entanto, o possível caráter anti-Israel da revolução não foi abastecido por nehum fudamentalismo, mas por anos de política imperialista, que através de Mubarak fez a miséria do povo egípcio por mais de 30 anos.
Visões mais materialistas se contrapõem com a idealista de Christopher Taylor, professor de estudos islâmicos da Drew University, de Nova Jersey, em que o mundo caminha para a perfeição da democracia liberal norte-americana e seus valores. Diz ele: "O Egito passa por uma mudaça muito difícil em direção à democracia, mas tenho muitas esperanças. Acho que o fato de as pessoas estarem agindo sempre pacificamente tornará muito difícil que seja imposto novamente algum tipo de regime militar." E completa com requintes de ocidentalismo: " A outra coisa que me anima é que os jovens do Egito têm muito contato com a mídia ocidental. O Egito e outros países árabes têm grandes contingentes de joves com alto nível de educação, e muita consciência do que se passa no mundo."
Já Karim Bitar, especialista em Oriente Médio do Instituo de Relações Internacionais e Estratégicas de Pequim, não tem a mesma visão do mundo cor-de-rosa do americano, e faz uma análise próxima à apresentada pelo Sinal Preto nestes dias, do futuro do Egito em disputa:
"Vejo duas saídas para o Egito. Uma respode aos anseios do povo que se manifestou na praça Tahrir, e outra responde aos Estados Unidos e outros países da região. Os maifestantes da Praça Tahrir querem não apenas a saída de Mubarak, mas de todo o regime.( ...)
Mas o melhor cenário para os EUA e os vizihos do Egito é outro. Eles querem no lugar de Mubarak um poder em torno do Exército egípcio e do vice-presidete Omar Suleiman."
Sobre o Exército, é de recohecimento de todos que trata-se de uma instituição protagonista do velho regime. Mas quanto ao que será o futuro do Egito, estão em desacordo. Para Bitar, o Exército deve conseguir reorganizar a sua estrutura dominante. "O Exército permanece muito organizado e recebe dos EUA US$3 bilhões por ano. Os islamitas são a oposição mais estruturada o Egito, mas não a única. Há uma oposição egípcia laica e feminista que tem raízes nos anos 1920". Já Hamad El-Aouni, cientista político tunisiano, professor da Universidade Livre de Berlim, acredita em uma opção popular. "Há muitos talentos políticos que não apareciam antes por causa da falta de democracia.(...) Na futura arquitetura política, a Irmandade Muçulmana terá peso, mas não vai superar os 15% e por isso não vai ocupar o governo. Muitos analistas têm apontado para o perigo de um regime fundamentalista no Egito, assim como existe no Irã. Trata-se de uma especulação absurda. Os egípcios são sunitas e recusam o sistema hierárquico dos xiitas, como no Irã.(...) Os exemplos da Tunísia e do Egito serão vistos nos próximos meses nos outros países árabes. Também em Argélia, Iêmen, Jordânia, Líbia, todos os 21 países árabes passarão a ter regimes democráticos."
Por fim, para o israelita do Departamento de Oriente Médio da Universidade de Haifa,Uri M. Kupferschmidt, falta um projeto à revolução egípcia. Segundo ele, curiosamente, este só existia em Mubarak. " Mas, além da questão polítca, é preciso pensar no plano sócio-econômico. Parte da raiva da multidão na Praça Tahrir é direcionada a situação econômica do país: desemprego, inflação, baixos salários. (...) Por causa da falta de plataformas claras sócio-econômicas é que não cosidero o que acontece no Egito como uma revolução. Revolução é quando há mudaça no regime, incluindo o plano econômico. É quando há uma substituição de uma filosofia social-econômica por outra."
Se por um lado o conceito de revolução se adequa a uma visão marxiana, é errada a preocupação de Kupferschimidt com a Irmandade Muçulmana, que para ele poderá criar um governo fundamentalista anti-Israel. O obstáculo para a consolidação da revolução é o Exército, que de forma oportunista se coloca como alternativa à ditadura Mubarak. A direção revolucionária há de surgir do movimento, e sem dúvida a Irmandade Muçulmana fará parte, haja vista que já faz parte do povo insurgente. No entanto, o possível caráter anti-Israel da revolução não foi abastecido por nehum fudamentalismo, mas por anos de política imperialista, que através de Mubarak fez a miséria do povo egípcio por mais de 30 anos.
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