sábado, 19 de março de 2011

Mao Tse-Tung e a "universalidade da contradição"


Mao Tsé-Tung

Por Allysson Lemos

O teórico marxista e revolucionário chinês traz essa grande contribuição ao entendimento do materialismo histórico e dialético em seu texto "Sobre a Prática e a Contradição". Geralmente, no campo do marxismo, desenvolvemos uma certa aversão à idéia de universalidade, por entender que a sociedade atual vive de conflitos de interesses, e interesses estes que são das diversas classes sociais. Ou seja, se há contradições econômicas, políticas e sociais, como podemos entender algo como um valor universal? Se uma sociedade está dividida em classes sociais, seus valores também são de uma classe, a dominante.
No entanto, Mao Tse-Tung vem achar no próprio método de análise a idéia de universalidade. Esta reside na noção de contradição.
Explicando melhor, o materialismo histórico e dialético é o método desenvolvido por Karl Marx para compreender a realidade. Nele está contida a visão de que o mundo se move pela contradição e o conflito de contrários, ou seja, se algo está estabelecido, nem sempre foi assim, é resultado do choque entre dois opostos anteriores. Assim, Marx valoriza sobretudo a História como elemento de análise, entendendo que nada é infinito ou imutável, tudo se transforma no decorrer da História. E ao mesmo tempo ele compreende que essas transformações se dão não numa relação de causalidade, mas dialética, ou seja, as coisas não são resultados, são a síntese de um conflito, de uma contradição. Por isso é equivocado a caricatura que se faz na academia do marxismo, com o rótulo de "determinismo".
Mao nos elucida que a contradição, portanto, é universal. Ela está presente em todas as coisas e gerando todas as coisas.Tal constatação é fundamental para entender o materialismo histórico e dialético não como um conhecimento ou entendimento da sociedade de classes. Entender a contradição como universal é entender que, na sociedade de classes existe uma contradição principal que move a História, que é a luta de classes, mas que o esgotamento de uma contradição não representa, na visão de Marx e do marxismo o fim da História. Este não existe para Marx.

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