Por Bruno Rabello
Como bom amante da gastronomia e degustador profissional (ou seja, gordo), eu já estive em alguns bons banquetes. Rico ou pobre, servindo caviar ou dobradinha, o que vale é estar no banquete e aproveitá-lo. Alguns dos que participei são muito organizados com lugares marcados para os convidados e silencio na hora do pronunciamento de seu anfitrião, outros já lembram uma batalha medieval, com brados de guerra ao avançar sobre a mesa. Tenho observado aqui do meu canto os banquetes organizados por alguns cozinheiros, não tenho participado por efeito de uma dieta rigorosa, mas vou comentá-los sob pena de assaltar a geladeira depois.
Vamos falar dos convidados, esses que não se emendam. Quando se é convidado para um banquete, vá com uma roupa adequada, nada de armas ou objetos que causem dano a outros convidados, porque, no caso de um banquete “medieval” como disse acima, você pode brigar pela sua comida sem ferir ninguém. Escolha seu lugar a mesa com cuidado, eu sei que todos gostariam de se sentar ao meio da mesa, onde os pratos principais são colocados, mas não se preocupe se o banquete for bem organizado todos serão servidos igualmente.
Observe com bom senso os acontecimentos em torno de si mesmo e em toda o salão e se for deslocar-se o faça delicadamente, não se esqueça que pessoas idosas o fazem devagar. Os velhos aristocratas não davam de comer aos empregados, esses velhos porcos deveriam ser decapitados, os empregados podem comer. Lembro-me de um episódio no qual o banquete em festa as nossas liberdades, só porteiro é que ficou com fome, que os que lhe negaram a comida tenham congestão! Congestão inclusive é um assunto de fundamental importância, seus efeitos podem ser escabrosos. Peço-lhes que comam devagar, sirvam todos em pequenas porções, é preciso digerir com leveza a comida e lembrem-se: a digestão começa pela boca.
Os efeitos de um banquete mal organizado e com convidados mal comportados pode ser desastroso. Nada mais que 16 pessoas trancadas no banheiro durante o ultimo banquete e não adianta reclamar do cheiro do lugar. Comida e má educação não combinam, é preciso aprender a comer e ensinar ao próximo, a cultura do banquete deve ser compartilhada com a comida (cuidado para não compartilhar a cultura e se esquecer da comida). Sou um saudoso do deus Baco, dos grandiosos banquetes para o povo, sem domínio da mesa, com todos se alimentando e indo para suas casas sem lamentações depois dos exageros.
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