Este texto destoa um pouco do perfil deste blog, mas como já havia feito há um ano atrás, abrirei exceção. Nesta data de hoje meu filho faz um ano de idade e, ele mais que ninguém, merece a minha homenagem.
É difícil verbalizar sentimentos tão íntimos, sobretudo para mim que estou longe de ser um artista das letras. Mas há um ano atrás, neste mesmo blog, escrevia eu um artigo chamado "Ser Pai" e, como eu concluí no mesmo, eu realmente não sabia nada do assunto, apenas dissertava sobre minhas angústias e expectativas. Ouso dizer que começo a aprender, junto com ele que tão ansioso está por aprender tudo que há nessa vida.
Há muitas visões sobre o que é "Ser Pai". A que prevalece é a do elemento ordeiro na família, aquele que cria as regras, tem a palavra dura, sustenta a família e é um exemplo para o filho. Para nós que somos contra este modelo de família burguesa, que é na verdade um átomo do sistema capitalista, fica difícil formular uma teoria geral do que deve ser um pai. Mas eu sigo tentando no improviso, apesar das dificuldades, contemplar um tanto destas expectativas ao mesmo tempo que penso que o contato direto com o filho, a criação no dia-a-dia, não deve ser um atributo apenas materno, como se diz por aí.
Mas, voltando à vaca fria, ser pai me surpreendeu em muitas coisas. A primeira é do apego ao filho, que é algo que não se pode imaginar sem a experiência. A segunda, e essa que é a que eu gostaria de explicar é a quantidade de tormentos que se passa.
E eu não estou falando de trabalho com a criança, da mudança brusca que sofremos na vida, mas da irracionalidade que toma conta de todas as relações pessoais que envolvem um pequeno rapaz, que nada compreende dessas coisas. É impressionante como tudo parece estar à flor da pele, como sentimentos de posse surgem, como antigos sentimentos guardados vem à tona. Sem dúvida este foi um ano de muitas angústias, rancores e sofrimentos.
Agora, aqueles que esperavam que este entendimento me faria ter uma visão negativa deste ano, estão enganados. Por desentendimentos recentes com a mãe dele, nossa convivência tem sido limitada, mas tudo faz sentido quando, ao visitá-lo na creche, recebo em troca um largo sorriso enquanto ele engatinha até mim. A sensação é inexplicável, mas parece que todo o empenho e todas as adversidades valem a pena. Ele, que ainda não fala, com este sorriso faz melhor que se o fizesse. É como se trocássemos de função e ele, soberano, me confortasse : "pai, isso tudo é passageiro, mas nós sempre estaremos juntos".
Algum brincalhão diria que sou louco de entender tanto do sorriso de uma criança! Mas acho que essa é uma das descobertas de ser pai, se tornar também um pouco infantil, e buscar entender nas crianças aquilo que um cético jamais irá enxergar.
Hoje é o seu aniversário e a ele dedico esse texto. Estou feliz com o seu desenvolvimento até aqui e espero ter contribuído em alguma coisa. Ele já mudou a minha vida.
É difícil verbalizar sentimentos tão íntimos, sobretudo para mim que estou longe de ser um artista das letras. Mas há um ano atrás, neste mesmo blog, escrevia eu um artigo chamado "Ser Pai" e, como eu concluí no mesmo, eu realmente não sabia nada do assunto, apenas dissertava sobre minhas angústias e expectativas. Ouso dizer que começo a aprender, junto com ele que tão ansioso está por aprender tudo que há nessa vida.
Há muitas visões sobre o que é "Ser Pai". A que prevalece é a do elemento ordeiro na família, aquele que cria as regras, tem a palavra dura, sustenta a família e é um exemplo para o filho. Para nós que somos contra este modelo de família burguesa, que é na verdade um átomo do sistema capitalista, fica difícil formular uma teoria geral do que deve ser um pai. Mas eu sigo tentando no improviso, apesar das dificuldades, contemplar um tanto destas expectativas ao mesmo tempo que penso que o contato direto com o filho, a criação no dia-a-dia, não deve ser um atributo apenas materno, como se diz por aí.
Mas, voltando à vaca fria, ser pai me surpreendeu em muitas coisas. A primeira é do apego ao filho, que é algo que não se pode imaginar sem a experiência. A segunda, e essa que é a que eu gostaria de explicar é a quantidade de tormentos que se passa.
E eu não estou falando de trabalho com a criança, da mudança brusca que sofremos na vida, mas da irracionalidade que toma conta de todas as relações pessoais que envolvem um pequeno rapaz, que nada compreende dessas coisas. É impressionante como tudo parece estar à flor da pele, como sentimentos de posse surgem, como antigos sentimentos guardados vem à tona. Sem dúvida este foi um ano de muitas angústias, rancores e sofrimentos.
Agora, aqueles que esperavam que este entendimento me faria ter uma visão negativa deste ano, estão enganados. Por desentendimentos recentes com a mãe dele, nossa convivência tem sido limitada, mas tudo faz sentido quando, ao visitá-lo na creche, recebo em troca um largo sorriso enquanto ele engatinha até mim. A sensação é inexplicável, mas parece que todo o empenho e todas as adversidades valem a pena. Ele, que ainda não fala, com este sorriso faz melhor que se o fizesse. É como se trocássemos de função e ele, soberano, me confortasse : "pai, isso tudo é passageiro, mas nós sempre estaremos juntos".
Algum brincalhão diria que sou louco de entender tanto do sorriso de uma criança! Mas acho que essa é uma das descobertas de ser pai, se tornar também um pouco infantil, e buscar entender nas crianças aquilo que um cético jamais irá enxergar.
Hoje é o seu aniversário e a ele dedico esse texto. Estou feliz com o seu desenvolvimento até aqui e espero ter contribuído em alguma coisa. Ele já mudou a minha vida.
melhor presente ele não ganhou.
ResponderExcluirSei que os sorrisos crescerão a cada dia, pois apesar da minha pouca experiência, reconheço o amor cristalino na troca de olhares entre o pequenino e seu protetor.
ResponderExcluirO pai que o pequeno Átila merece está mais preparado para esta experiência divina do que ele mesmo pode supor. Eu só posso agradecer pela honra de estar ao lado do mais novo tripulante,o já adorado e nobre Átila, cujo pai é, sem dúvidas, um lobo do mar em ascensão, companheiro de antigas navegações, as quais estão apenas começando!
Rodrigo Lopes
Um artista das letras, como diz Rilke, é aquele que a cada palavra diz "Eu sou", então amigo és sim um artista das letras... Um sorriso, infeliz do homem que não sabe que há muito mais do que a lingua falada para se expressar.
ResponderExcluirAmigo, muito interessante ver uma outra face, além do político e teórico coerente. Agora que eu também vou me juntar ao grupo dos papais este texto é também uma esperança. Como você bem sabe não é um tempo fácil, por mais que homens e com transformações "apenas" psicológicas, sofremos muitas transformações... Lapso de esperança em um tempo de tantas incertezas, este texto relembra para mim o que eu espero para mim e para o meu filhote que vem por aí... espero ainda poder aprender muito com os "iniciados" que vieram antes de mim.
Para um texto mais pessoal, um comentário mais pessoal... Forte abraço