sábado, 26 de janeiro de 2013

Em defesa de Karl Marx

Estudar o velho Marx é sempre saudável e interessante quando se contrasta com o que os professores falam em sala de aula. 
No capítulo 2 do Capital, "O Processo de Troca", Marx fala que a sociedade capitalista é aquela na qual a troca se realiza como um processo social. Assim, os indivíduos passam a produzir para a troca e não mais para a subsistência. Só que para ele o que sustenta esse sistema de troca de mercadorias é a certeza de que a mercadoria que ele produz poderá ser trocada por outras que servirão ao seu consumo, à sua subsistência. Portanto, todos se convertem em possuidores de mercadoria, ainda que esta seja a sua própria força de trabalho, também utilizada para a troca.
Pergunto: O que isto tem de economicismo? Se a confiabilidade na troca é a razão de ser das relações sociais?

A frase " a infra-estrutura determina a superestrutura, em última instância" muitas vezes converte-se na prova cabal da afirmação de que a análise social de Marx é economicista, uma vez que a cultura e a política seriam subprodutos das relações sociais de produção. Isto mostra, no meu entendimento, uma crítica desleal ao pensamento de Marx, motivada por uma necessidade de demarcação de campo da Sociologia enquanto ciência. Fato este que eu vejo sem sentido nos debates atuais, se é que reduzir o debate intelectual é conveniente em algum momento.
Esta interpretação carrega dois erros. Um é o de jogar fora a expressão "em última instância", ou seja, ainda que em última instância haja uma determinação, o que prevalece em Marx é a visão de que todas as coisas assumem uma relação dialética, e assim cultura, política e economia estão sempre se transformando e influindo mutuamente todo o tempo. O outro é a dificuldade de entender isto como um modelo ilustrativo, uma vez que para Marx tudo que compõe um modo de produção, uma formação social é matéria. E mais uma vez entender matéria como sinônimo de economia é um equívoco. 
Evitando acusações rebaixadas, não quero dizer com isso que a teoria de Marx tudo revelou. Isto seria negar a própria dialética materialista. A realidade, ao se transformar exige que o conhecimento se renove. O que defendo é a honestidade intelectual, principalmente tratando-se de um pensador importante da história intelectual moderna, que até hoje é referência para milhões mundo afora e que tem contribuições inegáveis para o pensamento humano.

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