Por Lucas Machado
O primeiro pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff em rede nacional coloca a educação no centro do debate acerca do desenvolvimento da “grandeza” da nação e do povo brasileiro. Para aqueles que aspiram a uma vida mais digna e livre para o nosso povo este discurso é mais que bem vindo. Analisaremos, pois, sucintamente os termos de suas propostas e de sua linguagem.
Na última década da história do país foi alcançado o importante objetivo de ser estendido o acesso ao ensino básico praticamente ao conjunto da população jovem do Brasil. Esta é uma conquista importante visto os índices de analfabetismos vigentes até então. Porém, tendo sido este direito alcançado pelo nosso povo, ainda existem como se sabe muitos outros obstáculos a serem vencidos. No terreno da política só se obtém avanços reais e efetivos quando se planeja. A identificação dos obstáculos a serem vencidos necessita de um vislumbrar da queda das barreiras, que antecipa o movimento e dá energia a ação no presente. Sendo assim, a educação precisa de projetos capazes de mobilizar energias criativas na construção da “grandeza” tão almejada. Voltemos então ao discurso da presidenta:
“Estou aqui para reafirmar o meu compromisso com a melhoria da educação e convocar todos os brasileiros e brasileiras para lutarmos juntos por uma educação de qualidade. Vivemos um momento especial de nossa história . O Brasil se eleva com vigor a um novo patamar da nação”.
Em um contexto em que se faz urgente pensar mecanismos para aperfeiçoar a qualidade de educação Dilma coloca em seu discurso, a educação enquanto um imperativo para que a nação se eleve a um “novo patamar”. Se a universalização do acesso ao ensino básico tem sido uma meta bem sucedida na política de estado brasileira, não podemos dizer o mesmo acerca do ensino médio, aonde notadamente os índices de evasão e de conclusão são decepcionantes. Elevar o “patamar da nação” tendo em vista a centralidade da educação passa necessariamente por encarar o desafio de universalizar o ensino médio. Pois bem, os percalços no meio desta estrada sinuosa não são poucos, devem ser identificados. E ainda não mencionamos os outros objetivos, mas nos detendo neste (a universalização do ensino médio), Dilma identifica claramente o sujeito central desta transformação, “é com este sentimento que saudamos os alunos seus pais, mas principalmente todos os professores brasileiros”. Ela fala também da valorização da profissão do professor: “È hora de investir ainda mais na formação e remuneração de professores”.
A presidenta coloca a valorização do professor no centro do discurso sobre a melhoria do ensino. Sabemos que a educação pública de ensino médio é de responsabilidade dos estados. Não falarei de todos, quanto ao Estado do Rio de Janeiro governado por Sérgio Cabral, ao que tudo indica, este pronunciamento e o sentido de sua política ainda não foi ouvido. Salários baixos, ausência de plano de carreira, falta de planejamento estão entre as características do repertório medíocre das políticas do Governo Cabral para a educação. Em outro artigo publicado aqui no Sinal Preto foi falado do como o slogan midiático do choque de gestão serve apenas para tergiversar as atenções e encobrir o fracasso das políticas até agora implementadas. O Estado do Rio de Janeiro deve aderir ao apelo nada mais que justo da presidenta Dilma, voltemos ao seu discurso:
“Nenhuma área pode unir melhor a sociedade que a Educação. Nenhuma ferramenta é mais decisiva do que ela para superarmos a pobreza e a miséria. Nenhum espaço pode realizar melhor o presente e projetar com mais esperança o futuro do que uma sala de aula bem equipada, onde professores possam ensinar bem, e alunos possam aprender cada vez melhor. É neste caminho que temos que seguir avançando com passos largos.”
A campanha do governo Dilma por acabar com a miséria corretamente pauta a mudança na educação como um dos seus centros. Como estávamos desenvolvendo em artigo anterior, trata-se de um duplo imperativo, garantir a qualificação da força de trabalho e o desenvolvimento de produção científica e tecnológica (mediante o aperfeiçoamento das instituições de ensino superior) atendendo ao imperativo do desenvolvimento econômico, mas também, garantir a conscientização do povo quanto aos dilemas coletivos que impedem a extensão de uma vida digna a todos, ou seja, a educação é um fundamento da liberdade e da dignidade de um povo, insisto em repetir.
“É hora de fazer mais escolas técnicas, de ampliar os cursos profissionalizantes, de melhorar o ensino médio, as universidades e aprimorar os centros científicos e tecnológicos de nível superior. É hora de acelerar a inclusão digital, pois a juventude brasileira precisa incorporar, ainda mais rapidamente, os novos modos de pensar, informar e produzir que hoje se espalham por todo o Planeta.”
A magnitude destes desafios não pode ser alcançada sem que se unam amplas forças sociais interessadas numa verdadeira mudança dos paradigmas de desenvolvimento do país. È por esse motivo que os governos que faltam para com esse compromisso imperioso devem ser criticados. Que façamos do chamado proferido pela presidenta, uma arma de combate em prol da mudança de nossa educação. Que os governos que não atendem ao chamado sejam submetidos ao juízo popular. A necessidade de melhorias na educação é cada vez mais um consenso na opinião popular, o consenso de opinião deve se tornar político. Terminamos este artigo com o chamado da presidenta:
“Sem dúvida, essa é uma tarefa para toda uma geração. Mas nós temos determinação para realizar a parte importante que falta, para que a única fome neste país seja a fome do saber, a fome de grandeza, a fome de solidariedade e de igualdade. E para que todos os brasileiros possam fazer da educação a grande ferramenta de construção do seu sonho”.
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