segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O “choque de gestão” na educação e a mídia política.

O governo Sérgio Cabral anunciou no dia 2 de janeiro pelo jornal o Globo uma proposta de superar de uma vez por todas o déficit no investimento na educação estadual. A proposta política é anunciada com fanfarras. Diz o governador:
"O Rio será um dos cinco melhores da educação e as coisas começarão a mudar logo no começo do ano".
O slogan da campanha é dúbio e gira em torno de dois termos: “Choque de Gestão” e “Pente Fino”.
 O “choque de gestão” elaborado por Wilson Risolia, secretário de educação, consiste em mudar o processo de escolhas dos diretores de escola. Ao invés de indicações “políticas” feita pelo sindicato dos professores, é prometido a realização de provas enquanto exame de seleção. Pois bem, uma proposta que promete elevar o Estado do Rio de Janeiro a um dos cinco melhores da educação não toca em nenhuma proposta de valorização salarial dos professores e funcionários, não menciona plano de carreira. O governo Sérgio Cabral tem preferido esconder o seu evidente fracasso na gestão da educação, e, além disso, aprofundar o fracasso, camuflando-o com o slogan midiatico de um “choque de gestão” que não menciona a valorização da carreira de profissionais que recebem um salário indigno, e também o evidente fracasso de seu primeiro governo em lidar com a educação.
Ainda não mencionei o segundo slogan. O primeiro se encarrega de “eximir” o próprio governo da responsabilidade para com uma educação que é consenso na sociedade fluminense, quanto a seu caráter precário e a necessidade de uma mudança efetiva. Se o primeiro slogan exime o governo de toda culpa em um verdadeiro ato de “auto-perdão”, o segundo põem justamente no professor a culpa pelo péssimo estado de coisas em que a educação estadual se encontra. O mencionado pente fino é uma manobra da mídia política para fazer aquilo que ela faz melhor, desviar as atenções:
“O "choque de gestão" anunciado por Cabral implica também em uma operação pente-fino sobre os cerca de oito mil professores da rede estadual afastados das salas de aula por problemas de saúde física ou mental”.
Novamente, uma iniciativa política medíocre é anunciada pela mídia com grande estardalhaço: “Será um teste de fogo para a nova política de Cabral”. O pente-fino nos professores afastados por motivos de saúde, coloca justamente sobre os professores, a culpa na má qualidade da educação estadual, enquanto o governo se encarrega de redimir o problema com o seu choque milagroso, que o exime de qualquer responsabilidade e não anuncia nenhuma proposta significativa em termos de ampliação de investimentos. “A Secretaria vai contratar uma empresa privada para analisar as licenças médicas concedidas", disse Wilson Risolia. Esta aí a receita para o Rio de Janeiro se tornar o melhor estado brasileiro na qualidade da educação! Ao invés de propor ampliação de investimentos e aumento salarial, o governo Cabral promete bonificações irrisórias aos professores, após deslegitimar com sua linguagem política midiatica, as reinvidicações legítimas daqueles que se interessam por uma educação que dignifique o nosso povo, permita a ampliação das oportunidades e a conscientização de nossa juventude quanto aos seus direitos.
Um governo que demonstra este descaso para com a educação e o encobre sob a máscara de slogans midiáticos grandiloquentes revela uma dupla falta de perspectiva e de projeto quanto ao estado do Rio de Janeiro. Primeiro: O desenvolvimento de conhecimento e ciência e tecnologia é nos tempos contemporâneos um verdadeiro imperativo do desenvolvimento econômico, aonde a qualificação da força de trabalho se apresenta enquanto um desafio paradigmático para uma proposta real de melhoria da qualidade de vida da população do estado. Segundo: A garantia de uma vida grata e pacífica para a população de nosso povo não pode acontecer sem uma tomada de consciência do povo trabalhador quanto aos dilemas coletivos que impedem a realização da extensão de uma vida digna a todos. Pois bem, a educação não é apenas uma premissa do desenvolvimento econômico, é também a garantia da liberdade e da dignidade de um povo. Um governo que não apresenta propostas significativas quanto a temas tão cruciais para o porvir de nosso estado deve ser duramente criticado. Para aqueles a quem falta a coragem, o convite está lançado   


Por Lucas Machado

7 comentários:

  1. Não acredito que só as pautas corporativas resolvam também, por que senão caímos no mesmo erro de achar que o problema está no profissional.
    A escola precisa ser algo mais atrativo para o jovem, que não tem nela algo que irá referenciar sua vida. Projetos como o UFRJ-Mar devem ser estudados e multiplicados.

    ResponderExcluir
  2. Concordo. O problema é que este "choque de gestão" anunciado não pauta nenhuma mudança pedagógica em fazer a escola mais "atrativa". São apenas medidas medíocres anunciadas com muitas fafarras.

    ResponderExcluir
  3. Melhorar as condições de trabalho dos profissionais de educação (professores, técnicos, serventes, merendeiras...) não pode ser encarado como uma pauta corporativa. Seria um erro gravíssimo não observar que qualquer mudança significativa do ponto de vista pedagógico passa pelas pessoas reais. Quem implementaria as tais mudanças?
    O governo e mesmo quem faz tal análise erra feio ao desumanizar a educação. Desumaniza quando desqualifica o que há de humano nos projetos, qual seja, as pessoas que estarão envolvidas na implementação de qualquer projeto.
    É uma pena constatar que a burocracia, a tecnocracia, a gestologia tem vencido o pulsar da vida.
    A sociedade precisa fazer sua revolução em defesa da educação. Não pode governar quem faz o que faz a educação. Pronto, falei...

    Severino

    ResponderExcluir
  4. Estamos defendendo que não seja retirada nenhuma riqueza do petróleo do Rio de Janeiro. Essa riqueza e todas as outras deve ter um fico. Cham-se educação. A vergonha da colocação do IDEB deveria chamar atenção e ser a principal bandeira do governo desse estado. Valorização do Professor sob todos os aspectos, tornar a escola publica lago mais atraente e buscar o ensino intergral de qualidade. Foi no Rio de Janeiro que saiu o CIEP na época de Brizola.

    ResponderExcluir
  5. Estamos defendendo que não seja retirada nenhuma riqueza do petróleo do Rio de Janeiro. Essa riqueza e todas as outras devem ter um foco principal na Educação. A vergonha da colocação no IDEB deveria chamar atenção e ser a principal bandeira do governo desse estado. Valorização do Professor sob todos os aspectos, tornar a escola publica lago mais atraente e buscar o ensino integral de qualidade. Foi no Rio de Janeiro que saiu o CIEP na época de Brizola.

    ResponderExcluir