domingo, 11 de setembro de 2011

11 de Setembro de 2011




Enquanto boa parte dos governantes do mundo sinalizam sua solidariedade aos mortos do atentado de 11 Setembro, que hoje faz dez anos de seu acontecimento, muitas sites hoje dão destaque à atual situação política do Egito após o ataque à embaixada israelense na sexta-feira última. No entanto, curiosamente, nenhuma relação foi feita entre os dois acontecimentos.
Por Allysson Lemos

O ataque de 11 de Setembro foi um marco de um antigo conflito presente no Oriente Médio, e a "Guerra ao Terror" a potencialização da política belicista estadunidense, que já existia. O Governo Bush foi protagonista de uma política de fetichização do mundo árabe, a fim de desvirtuar dos olhos da opinião pública o real problema político daquela região. Assim, estes árabes seriam "loucos", homens de hábitos estranhos, exóticos, cuja religião prega a violência e a guerra, resumidamente, o "Eixo do Mau".
Sem entrar no mérito da sanidade do homem muçulmano, pois este argumento evidentemente responde à necessidade da construção de alteridade, de que aos olhos do homem ocidental pareçam inferiores, primitivos e odiosos para que isto sirva de base ideológica para a política imperialista, buscarei mostrar os reais conflitos que ditam a política no Oriente Médio. As diversas nações da região dividem-se pela polêmica da criação do Estado Palestino, que por sinal finalmente está para ser votado na ONU. Neste caso está em jogo a disputa por territórios, e o principal opositor a esta reivindicação, Israel, é um aliado histórico dos Estados Unidos da América. Pressionando o povo palestino em suas fronteiras e ocupando boa parte do que seria território palestino determinado em acordo internacional, Israel mobiliza alguns países árabes a seu favor, garantindo sua hegemonia política e econômica na região, sabendo que o Oriente Médio é rico em petróleo.
Os EUA têm participação direta nesta dominação. Financiando aliados e mobilizando o mundo a favor de Israel, me parece que os americanos colheram o que semearam em 11 de Setembro de 2001, apesar da devida solidariedade que deve ser prestada às vítimas do atentado, e não ao governo norte-americano.
Uma boa ilustração disto é o que acontece no Egito nesta semana e nos últimos meses. O antigo regime de Mubarak era um apoiador da política belicista de Israel. Apesar de os EUA e as forças armadas egípcias se colocarem como defensores da transição democrática na crise política que se instaurou no país com o maior levante popular dos últimos tempos no início deste ano, algumas fontes já denunciavam a relação de ambos com o governo anterior e suas posições na disputa política do Oriente Médio. Eduardo Sales de Lima, em artigo publicado no site "Brasil de Fato" em 02/03/2011, dizia : "Por acordo com Israel, militares egípcios recebem anualmente cerca de 1,3 bilhões de dólares".
Revoltados com esta situação no Egito, manifestantes atacaram a embaixada de Israel na última sexta-feira, levando o embaixador israelense a abandonar o país. Em resposta a isso, um ultimato do governo americano, antes defensor do povo egípcio, ao Egito : "Os Estados Unidos advertiram à junta militar egípcia da necessidade de atuar com rapidez para evitar um linchamento de israelenses na embaixada, que teria 'muitos graves consequências' para Cairo", noticou o site Terra Brasil hoje.
Assim é o 11 de Setembro de 2011. Segue a "Guerra ao Terror" e a resistência. Porém o mundo vai despertando para a falácia imperialista estadunidense e uma primeira derrota parece se anunciar nesta votação do Estado Palestino na ONU.

Um comentário:

  1. Excelente artigo. Uma das maiores disputas políticas do nosso tempo pode ter uma definição positiva com a criação do estado da palestina, e a mídia prefere focar no atentado terrorista do Bin Laden. Um evento que notadamente foi e é usado como justificativa de agressões imperialistas por parte dos EUA.

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