Enquanto boa parte dos governantes do mundo sinalizam sua solidariedade aos mortos do atentado de 11 Setembro, que hoje faz dez anos de seu acontecimento, muitas sites hoje dão destaque à atual situação política do Egito após o ataque à embaixada israelense na sexta-feira última. No entanto, curiosamente, nenhuma relação foi feita entre os dois acontecimentos.
Por Allysson Lemos
O ataque de 11 de Setembro foi um marco de um antigo conflito presente no Oriente Médio, e a "Guerra ao Terror" a potencialização da política belicista estadunidense, que já existia. O Governo Bush foi protagonista de uma política de fetichização do mundo árabe, a fim de desvirtuar dos olhos da opinião pública o real problema político daquela região. Assim, estes árabes seriam "loucos", homens de hábitos estranhos, exóticos, cuja religião prega a violência e a guerra, resumidamente, o "Eixo do Mau".
Sem entrar no mérito da sanidade do homem muçulmano, pois este argumento evidentemente responde à necessidade da construção de alteridade, de que aos olhos do homem ocidental pareçam inferiores, primitivos e odiosos para que isto sirva de base ideológica para a política imperialista, buscarei mostrar os reais conflitos que ditam a política no Oriente Médio. As diversas nações da região dividem-se pela polêmica da criação do Estado Palestino, que por sinal finalmente está para ser votado na ONU. Neste caso está em jogo a disputa por territórios, e o principal opositor a esta reivindicação, Israel, é um aliado histórico dos Estados Unidos da América. Pressionando o povo palestino em suas fronteiras e ocupando boa parte do que seria território palestino determinado em acordo internacional, Israel mobiliza alguns países árabes a seu favor, garantindo sua hegemonia política e econômica na região, sabendo que o Oriente Médio é rico em petróleo.
Os EUA têm participação direta nesta dominação. Financiando aliados e mobilizando o mundo a favor de Israel, me parece que os americanos colheram o que semearam em 11 de Setembro de 2001, apesar da devida solidariedade que deve ser prestada às vítimas do atentado, e não ao governo norte-americano.
Uma boa ilustração disto é o que acontece no Egito nesta semana e nos últimos meses. O antigo regime de Mubarak era um apoiador da política belicista de Israel. Apesar de os EUA e as forças armadas egípcias se colocarem como defensores da transição democrática na crise política que se instaurou no país com o maior levante popular dos últimos tempos no início deste ano, algumas fontes já denunciavam a relação de ambos com o governo anterior e suas posições na disputa política do Oriente Médio. Eduardo Sales de Lima, em artigo publicado no site "Brasil de Fato" em 02/03/2011, dizia : "Por acordo com Israel, militares egípcios recebem anualmente cerca de 1,3 bilhões de dólares".
Revoltados com esta situação no Egito, manifestantes atacaram a embaixada de Israel na última sexta-feira, levando o embaixador israelense a abandonar o país. Em resposta a isso, um ultimato do governo americano, antes defensor do povo egípcio, ao Egito : "Os Estados Unidos advertiram à junta militar egípcia da necessidade de atuar com rapidez para evitar um linchamento de israelenses na embaixada, que teria 'muitos graves consequências' para Cairo", noticou o site Terra Brasil hoje.
Assim é o 11 de Setembro de 2011. Segue a "Guerra ao Terror" e a resistência. Porém o mundo vai despertando para a falácia imperialista estadunidense e uma primeira derrota parece se anunciar nesta votação do Estado Palestino na ONU.
Excelente artigo. Uma das maiores disputas políticas do nosso tempo pode ter uma definição positiva com a criação do estado da palestina, e a mídia prefere focar no atentado terrorista do Bin Laden. Um evento que notadamente foi e é usado como justificativa de agressões imperialistas por parte dos EUA.
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