terça-feira, 27 de setembro de 2016

O Ato

Ontem houve um comício de campanha de Jandira Fegahli ao lado do ex-presidente Lula. Falaram diversos candidatos, figuras importantes da campanha, o vice Edson Santos com uma abordagem como vente, a própria Jandira com sua maneira contagiante de se expressar e o próprio Lula, cuja oratória dispensa comentários. Eu estava ao lado da bateria da União da Juventude Socialista, entoando palavras de ordem que há muito tempo já não faziam parte da minha rotina. Só que mais interessante que essas coisas que dizem respeito à minha reles existência, foi e-mail daquele velho amigo vacilão, que vocês leitores do blog conhecem muito bem, mas que sempre aparece quando é preciso. Transmito-a a vocês.


"Caro, marujo,

Estranho sua recente moleza. Soube de notícias suas e resolvi lhe enviar este sermão. Conhecendo como você matuta as ideias nesta cabeça grande, pensei que o sermão de uma velha raposa do mar ia lhe cair melhor que o dos servos de Deus. Logo você, preparado no fogo de diversas batalhas, empunhando palavras afiadas, não pode se deixar assustar por tão pouca coisa.
Vou lhe contar uma aventura que certa vez vivi. Navegávamos à Oeste, em busca de uma promessa de tesouro. Interceptamos um marinheiro, já barbado, porém menino no seu proceder, falando demais sobre um tesouro em uma ilha à Oeste. Fizemos com que ele falasse mais, e disse ser a ilha mais quente da região, o que já era informação suficiente.
Navegamos por aqueles mares várias vezes, com a mesma tripulação. Nesta ocasião ainda estávamos juntos eu, Cão Preto, Bill Bones e o saudoso capitão Flint. Acontece que o navio não é o mesmo depois de tantos anos, o capitão já estava cansado, seus gritos roucos não tinham mais o mesmo poder de comando e eu mesmo, que estava há tempo longe de aventuras, me sentia um alienígena em alto-mar.
O resultado não poderia ser outro: a tempestade veio o naufrágio aconteceu: o do navio e o meu próprio. A vontade era afundar. Avistei uma sereia , e como você bem me conhece, marujo, a vontade de afundar passou naquele momento! Hahaha. Um canto diferente, que não era pra me chamar, mas chamava mesmo assim.
A onda me levou e fui parar em outro lugar, até chegar à terra firme. Ainda não achei aquele tesouro, talvez o marinheiro barbudo tenha pregado uma peça em piratas tão calejados. Mas eu hei de encontrar. Ou morrerei tentando. Os marujos mudam, os capitães recebem o sinal preto, só não pára a pirataria.

Aguardo o nosso rum,

Long John Silver"

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