sexta-feira, 14 de abril de 2017

284, Suburbana direto!

Central, madrugada, até a Praça Seca! Quantas vezes,já? Quantos prazeres e quantas angústias saboreados ao longo de cerca de uma hora de viagem nesta van? A memória não poderia me garantir essa conta. Mas deu 7 reais, o pedido errado que eu fiz. A conta do mentiroso, dizem por aí, mas haveria outros adjetivos mais precisos.
O dia foi extenso, com uma boa reunião política. A política, por sua vez, não ficou na reunião e se estendeu até o eterno BDP, na Praça Tiradentes, e de lá para a Lapa, onde ficava o último botequim. Só então foi feito o tradicional percurso até a Central.
Esperou-se muito para que a van lotasse para seguir o seu caminho. "Candelária, Pilares, Abolição, Madureira, Campinho, Praça Seeeeeeca", gritava o careca, mas o objetivo não foi alcançado. Povo religioso este carioca, que foi dormir cedo nesta quinta feira sagrada. O corpo de Cristo não poderia ser profanado.  
A van, que saiu quase vazia, virava à direita. Veio o Garage, velho recanto dos roqueiros da cidade maravilhosa. Vila Mimosa, elas entraram. "Que beeeeijo foi aquele! Vou dormir pensando neste beijo. R$5,00? Tá bom! Depois desse beijo...", disse ela, querendo fazê-lo notícia para o resto da van. Já eu pensei no beijo que quis ter dado e não o fiz. 
Nova América! Mas a reunião foi ótima, pensei. No fim, não vivo sem a política, e me realiza executá-la com eficiência. Mas não ando querendo levá-la para o bar.
Candelária! Como pude dizer que queria ver o grupo tocar, quando o que eu queria era aquele sorriso singelo, elogioso e nocauteador, sem a política em torno? Mais uma vez, desejo pela metade: livrei-me da política, mas não consegui o sorriso.
Cascadura! Elas desceram, e provavelmente o beijo não a deixaria dormir. A esta altura eu me perguntava se encontraria  uma mensagem de Long John em minha caixa de e-mails. A van seguia viagem.
Praça Seca! Rua Florianópolis. O ar estava úmido, a uma temperatura bastante agradável. Já era sexta-feira, o pecado não consumado, em respeito ao sofrimento de Cristo. Chego à casa, nenhuma mensagem do temível pirata, enquanto a calmaria agride a quem é feito de tempestade. 

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