sábado, 17 de agosto de 2019

Barra Longa

A lama destruiu muito. Casas, objetos, projetos de vida, formas de existir. A lama faz o forte confessar sua fraqueza: "tem dias que eu não aguento".
Mas são apenas dias. Já se passam anos, e a lama não conseguiu destruir a humanidade. Aqui não me refiro à humanidade proposta por algum filósofo iluminista, mas a humanidade que se faz e refaz no homem de carne e osso, mesmo eslameado. A lama pode fazer o sorriso mais raro, mas ele renasce em assembleia. A lama não pode calar a viola, o violão ou Milton Nascimento. Não soterrou os planos do casal que constrói seu lar, não destruiu a memória ou a necessidade de lutar. Pôs lágrimas nos olhos do advogado-sociólogo, mas também renovou seu espírito.
Às vezes é preciso ir longe para encontrar os seus. Para encontrar a si. Volto rejuvenescido, ao Rio de Janeiro, meu lugar. Mas sabendo que meu lugar é a luta : não particular, não por barrar isso ou aquilo, ou pelo imediato. A lama, em Barra Longa, no Rio ou em qualquer lugar precisa ser vencida. Mais valiam as palavras da poetiza: "a luta não acaba agora,continua".

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